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Não pode haver um regresso ao infinito do universo, nem um avanço ao infinito do universo.

Não é verdade que o universo tem contingência, isto é, passagem do que era para o que é atualmente?

Não era a cadeira um dia apenas um conglomerado de toras de madeira? E não era um dia o conglomerado de toras de madeira apenas uma árvore? Ou seja, não era um dia a cadeira apenas uma árvore?

E se assim funciona — do passado para o presente —, havemos de concordar que também funciona exatamente em relação ao futuro, fazendo do presente relativo mais um dos inúmeros passados. Ou seja, do passado para o presente, do presente para o futuro que se torna, agora, passado de um mais novo presente.

Não é verdade que a contingência do universo, isto é, a passagem do que era para o que é, é tangível, delimitado, havendo entre estes eventos uma estrita dependência do tempo? E não é verdadeiro que, um dia, em um momento —, a cadeira era árvore, e a árvore cadeira, ou ainda que ambos um conglomerado de toras de madeira, é um evento, isto é, uma delimitação do tempo?

Então é verdadeiro que o tempo pode ser medido e quantificado, delimitado de um modo que possamos perceber que, em um dado momento, a árvore era e deixou de sê-la para se tornar uma cadeira, mas que primeiro teve de passar pelo estágio de apenas um conglomerado de toras de madeira.

Se o tempo pode ser medido, quantificado, delimitado; se, a partir daqui ou dali, podemos dizer que houve um evento; então o tempo é finito.

E não é o finito oposto ao infinito? Então o tempo é o oposto do infinito.

E o universo está fora ou dentro do tempo? Não é então o universo contingente e sobretudo finito?

Então o universo é temporal e, por definição, finito; não é infinito e, como o tempo, oposto a este. Então o universo tem um início em um fim delimitáveis.

Não é então verdadeiro que se regressássemos, causa por causa, até o início do universo, não acharíamos, por definição, a sua infinitude? Nem, tampouco, se avançássemos, causa por causa, até a sua finalidade, não acharíamos, por definição, a sua infinitude? No entanto, sim, a sua delimitação e finitude?

Só pode haver, portanto, infinito fora do universo.

Só pode haver uma regressão ao infinito se, porventura, o infinito se encontrar fora do universo, que é temporal, contingente e finito.