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Identitários

Esse negócio é a coisa mais estranha já pensada pela mente humana. É de uma pinoia que me assusta e causa pavor. Dizer que é a partir de tal e qual fetiche, tão somente fetiche, identifica-se, ao passo que é o fetiche mesmo, o camarada identitário, ignorando completamente quaisquer contrariedades subjacentes jogadas pela própria realidade das coisas, e portanto pregoando-se, assim sendo, perfeito — desprezando os próprio olhos —, e é a esta realidade das coisas à que deveria todo e qualquer dotado de pequena sanidade remanescente se adequar. Que coisa mais absurda! Esses caras querem, e apoio-me no Professor, "o meio e não a finalidade", e segundo o próprio é esta a definição mesma de fetiche, têm eles ainda a pachorra escrota de colocarem-se como fossem sendo o centro de toda a existência, e como fossem muito certos ao fazê-lo, caracterizando uma patologia das mais identificáveis, a exemplo, no processo linguístico, substituindo consequências concomitantes a tal e qual palavra, isto é, para além de seu simples referente salvo também ao que por tudo envolve-se-lhe, mas que naquele caso apresentado obsequiando, de modo algo esfogueteado, uma apoteose impulsiva de se dizer maluco e ainda achar bonito, como fosse o fim último de toda a sua existência, colocando-se em tamanho patamar, ao passo que vivem-no na realidade dos fatos presentes, impondo, em regra, a qualquer um que discorde pela própria força de sua inteligência, naturalmente estranha à lógica do homem acima da realidade deles, transcendendo-a. Já a realidade transcendem esses idiotas identitários só que em sentido reverso: as suas pueris inteligências; porque pueris por se deixarem levar por tamanha idiotice que advogam e ao fazê-la centro de sua própria pessoa.
 
Não bastasse a loucura, ela é ainda velada, defendida, quero dizer, politicamente, apoiada. Ora, é coisa mesma de dizer a Rubião que ele era mesmo Napoleão, e não "ó gira" como taxavam-no até criancinhas, e enfim sejam estas por além de palmadas taxadas de preconceituosas, por dizerem o óbvio ao apontarem para a loucura. Afinal, é movimento político que quer se tornar massudo. Por vezes, através da máquina pública, castrada aos pés desses caras, querem impor como patologicamente veem o mundo, às pessoas saudáveis, iguais a mim e ti, leitor; querem castrar-nos conforme o foram pelas própria ideias ideologicamente bizarras, ao ponto que uns mutilam-se, os próprios corpos, para que possam chegar, porventura, naquilo que jamais serão, salvo um simulacro na mais limitada, vamos dizer, "perfeição" —, querem, e já o fazem a pretender, enganar os meus olhos e os seus.

Veja, por essa ideologia macabra serão atacadas, assim digamos, as crianças, "atacadas", mas que é um ataque tanto mais poderoso do que seria um pontapé como o recebera o menino Leonardo de seu pai, cria de Leonardo-Pataca, de Manuel Antônio de Almeida; pois não são elas o futuro previsível? Controle-as, faça-as culturalmente, e elas, num futuro previsível ou próximo, "tocarão o barco" para vosmicê, conforme o pensado. Já o fazem, e felizmente com grande resistência por parte da maioria dos pais; que assim seja eternamente. Mas é evidente que em certos casos já parece até cultural (vê-se por aí através daqueles movimentos coloridos, de alguma mórbida aceitação como verdade), estilando na cabeça dos miúdos que, basicamente, são só alma, e quanto ao corpo pode se lhe moldar o formato que desejar o sentimento interno, ou que é este quem deve tocar as ações e não a razão, podendo logo fazer, por exemplo, o que bem desejar em termos de prazer e sensualidade, apartada de quaisquer finalidades.
 
Em resumo dos dizeres, querem, ora, que eu veja uma zebra, só que é mula que vejo —, mula pintada de branca com listras pretas, ou se me permite a máxima dúvida do desenho Madagascar a respeito da variegação da zebra, preta com listras brancas. E, não bastasse, querem que a "zebra" faça coisas duma deveras zebra para as quais não foi bem pensado naturalmente uma mula, pior, sem as finalidades paras as quais é pensada ou presumida as atitudes de uma zebra. Querem, como disse o professor Olavo de Carvalho a semelhantes fetichistas, "descascar bananas sem querer comê-las".