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Louvável e Oprimidos


Dizem, e vezes por experiência própria, que o INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) cobre, até que se saneie, acidentes de trabalho ao trabalhador regulamentado. Eis verificação; ei-la também: verdade. Espero jamais ser eu próprio um elemento probante nesses casos.

Tão havia uma tal aposentadoria por invalidez; já quando não há mais regímen sanatório que resolva sequelas irreversíveis cuja gravidade das feridas impossibilitem que o afetado trabalhe normalmente, dizem, e vezes por experiência própria, que o INSS cobre, vitaliciamente, nesses casos de incapacidade permanente. É aquele minguado dinheirinho cedido a Lovecchio Filho que pelo atentado da guerrilha em 1968 teve de amputar grande parte da perna esquerda. Claro; talvez naquele infortúnio desgraçado, em cujos algozes futuramente seriam anistiados e perdoados de todos seus crimes pela nobre causa ideal do partido — inclusive ganhando uma pensão maior que a dele e tendo uma indenização retroativa 800 vezes maior —, fosse conveniente e mais do que suficiente R$500 vitalícios de pensão, depois de 36 anos do ocorrido. Já indenização por esta humilhação toda: não; aí já é demais.

Quem é contribuinte paga pela invalidez doutrem, ou enquanto este estiver afastado até que venha convalescer, suados dinheirinhos, que são confiscados antes à igualmente longânima carga tributária do Estado na compra de qualquer bem e serviço, depois novamente tributado no imposto mais traiçoeiro nas mãos do leviatã brasileiro: o de renda; o de “sobre o sustendo”, “sobre o pão de cada dia”. E esses ainda arranjam tempo e mais dinheiro de velar pelo seu próximo além do que só pelos seus próprios, através dos seus próprios bolsos, pela saúde possivelmente afetada dele.

O que dizer? Louvável!

Mas... por serem obrigados a isso, digo: louvável e oprimidos!

Quando o assunto é caridade o Estado é monopólio e assim ser lho quer, embora nunca o faça com as suas próprias mãos salvo terceirizando e ainda a roubar mais do que quando resolve devolver o que um dia havia sido pão. Isso quando não substitui as migalhas de um pão bem preparado, bem sovado, fermentado naturalmente, crocante e bem assado, por migalhas de um horsebread lá qualquer, pregoando que são na verdade de brioche.

Não deixemos de falar dos já aposentados. Depois de conquistarem a tão sonhada posição pinacular da pirâmide, depois de tanto labor e senilidades, são escusados de contribuir como um dia sempre fizeram com o INSS. Nada pagam; salvo Imposto de Renda e embutidos. Eles já vão isentos da virtude. E a “Virtude”, nesse caso, não os quer de jeito nenhum interferindo caridosamente na vida daqueles que se esforçam a pagar percentualmente a tal e qual aposentado a sua respetiva aposentadoria. Evidente; depois de terem passado pelos pesarosos estamentos de um sistema perfeitamente viável quando a tônica da vez era ter de 3 a 10 filhos e não um yorkshire, dancinhas no tiktok ou prostituição online, sem falar de atingir longa idade e tempo de contribuição cujo hoje já são fatores irreais aos jovens noviços na carteira registrada, nada mais justo do que receber algum dinheirinho mensal, compensação ao que tanto lhes terão descontado, outrora registrados em seus contracheques, agora que vão enfim separados do trauma.

No final, qual naquela pirâmide das castas medievais impresso demasiado nas apostilas de história do ensino fundamental e médio, a manutenção do feudalismo moderno recai sobre os ombros do servo e camponês moderno (classe produtiva hoje ou quem assim antes dela tralhara) que, em contrastado, sequer possui a chance de escolher qual será o seu nobre, porque enfim são todos iguais porquanto com regras iguais: CLT-CLT. El-rei chamado ‘Previdência Social’, é superintendente, e deixa as coisas como estão; soberano só o Estado brasileiro, que obriga serem como são, quando não pior, até que venha a ruína natural a todo e qualquer esquema de pirâmide financeira, se, é claro, o Estado não se reinventar e o sistema mais uma, imprimindo mais dinheiro e crescendo os requisitos de elegibilidade a tempo.