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O Ateneu

O Ateneu. Lugar integral dos pequenos delitos, das primeiras brigas e intrigas, das primeiras mentiras, dos primeiros hematomas jamais antes vistos, das desobediências insensatas, das bajulações coagidas; ao que parece, quando muito alhures o local da moralidade e disciplina intransigível, cujo réclame do diretor Aristarco é quem pioneiramente o vende assim e divulga, mas que os fatos observáveis se demonstram a outra propaganda.

Para lá é que vai Sérgio, menino vaidoso e presunçoso, narcisista e por certo mui desvirtuado conquanto não venha mostrar-se-nos a delato, tampouco escrever sobre ou, admoestando-se retroativamente, alertar o público leitor do mau-caráter, prefere ir contanto sem ênfase e parecer que pelo silêncio ainda é de tal maneira; não obstante, deixa-se abastado das boas lembranças e mimos ao deixar o colo de mamãe, para que, não indo com ela a terras remotas no estrangeiro, vá às terras remotas do amor que muito o protegia do que o cuidava. E que sofra na pele; que sofra na pele do noviço, do calouro, a novidade da nova instituição de ensino; e que supere as dificuldades socioculturais mediante a adaptação, deixando de ser vigiado para ser o vigilante, senão de si mesmo, enfim sobreviva e passe de ano ou análogo ao que temos hoje em matéria de promoção escolar.

Achei chato. Enfadonho. Mas decerto excelente para se adquirir vocabulário nesta rica língua portuguesa, especialmente sobre alvenaria, construção e arquitetura. Se não fosse Raul Pompeia a escrevê-lo, seria, pelo tema, facilmente suficiente a um slice of life de light novel japonesa.

Ao cabo, é uma leitura contraindicada àqueles antidicionários.