Convalescendo aos pouquinhos, gostaria de externar através da crônica minha mais singela gratidão ao Dr. João Zattar, cujo belíssimo engenho clínico me fez comprar ao todo cinco medicamentos diferentes, iguais e distintos, sem os quais, não sem um pouco mais de dificuldade e empenho imunológico, não me sanearia a tempo. A tempo do trabalho. Porque quando não estou na frente do computador redigindo o que previamente havia escrito a punho, estou a todo momento e vapor conectando e desconectando unidades refrigeradas (reefers), monitorando-lhes a temperatura (supply e return), para descobrir que enfim sou apenas um auxiliar neste assunto e monitor mesmo é o expedidor (dispatcher), que tem acesso remotamente, desde o início, à temperatura dos contêineres, à maior parte deles senão totalmente.
A terceira e não menos importante conclusão depende novamente do excelentíssimo doutor: querendo ou não, um ativo da industria farmacêutica. Na drogaria mais próxima ao consultório (Unipreço), lá se ia quase todo o meu vale-alimentação, cujo saldo restante milagrosamente não ficara abaixo ‘1/2’ do que quando está cheio.
— Se possível — ao que supliquei ao atendente —, me veja tudo genérico.
— Tudo bem — ao que me confirmou, prontificando-se à diligência com a calma de um monge budista.
Antes, segundo o médico, ainda em termos de possibilidade do que mais certeza da causa, uma “gripe mal-curada”, mas que eu pudesse ficar tranquilo que de pulmonar nada havia, exceto a perfeição de brônquios e alvéolos saudavelmente regulares quando mo auscultara remetendo o seguinte:
— Está perfeito. Não se ouve nenhum chiado ou coisa parecida.
“Jura?”, ao que pensei. Logo pensaria também se o fato de haver-lhe revelado só então depois de me haver examinado, minha condição especialíssima de amante do fumo, pudesse tremelicá-lo internamente, e quem sabe o compelir a mudar de laudo ou parecer. Mas não; Zattar além de ser um excelente clínico atento à técnica, também é honesto cientista e amante do conhecimento pelos efeitos de suas causas, e de suas causas pelos seus efeitos. Acreditava no que acabara de verificar de seu estetoscópio. Quando muito, tinha uma sinceridade singularmente pessoal na inversa proporção dos chavões ‘OMS’, sem desmerecê-los em estrutura.
— Não é muito bom — dizia-me depois de lho contar —; o certo seria parar. Mas nada que interfira no tratamento.
“Pare imediatamente!”, ao que diria um colega seu de profissão mais histriônico e afeito ao intento globalista de, primeiro, estatizar e burocratizar a saúde, segundo, pô-la aos pés de um órgão central com ares de “verdade absoluta”, do que mais autoridade científica, embora venham em nome desta para legislar confiantes sobre cada ponto da vida particular das pessoas, sem esperar muita contestação insatisfeita por insatisfeitos com as eventuais medidas lhes impostas.
Ipso facto, em nada interferiu. Agora, o que faz mal e me vem destruindo a cada dia que passa, é a poeira levantada pela ventilação daquelas unidades reefer; ou a própria ventilação em si, porque vai saber o que saí dali além de ar, daquelas turbinas. Já cigarro, sendo verdade, exagero, ou falsidade contatada como verdade por aquele em quem se deposita fé (desinformação ou tipo especial de mentira, não contada pelo mentiroso), está escrito: "quatro mil e setecentas substâncias tóxicas"; sabe-se exatamente o que se consome ou inala. Mas... “está perfeito”... Particularmente, embora seja a única coisa que "leia".